
O avião Mosquito: vencer com madeira e um simples olhar para o lado
- João Alves
- 16 de set.
- 1 min de leitura
Na Segunda Guerra Mundial, quando os céus eram dominados pelo metal, surgiu um avião feito de madeira que desafiou todas as previsões: o De Havilland Mosquito.
Enquanto os engenheiros reforçavam blindagens, multiplicavam armas e exigiam mais alumínio, Geoffrey de Havilland decidiu olhar para outro lado. Onde os outros viam um material ultrapassado, ele viu potencial. Madeira de balsa, abeto e colas fenólicas o mesmo saber dos marceneiros e fabricantes de móveis britânicos transformaram-se na base de um dos aviões mais rápidos, versáteis e temidos da guerra (Sharp & Bowyer, 2005).
O Mosquito não venceu pela força bruta, mas pela inteligência do seu conceito: leve, veloz, quase intocável. Foi bombardeiro de precisão em ataques cirúrgicos, caça noturno que caçava bombardeiros alemães na escuridão, avião de reconhecimento que voava sobre Berlim e regressava sem escolta. Libertou prisioneiros em Amiens e levou fotografias estratégicas que mudaram o rumo das operações (Price, 2016).
A genialidade não esteve apenas na técnica. Este avião é a prova de que, muitas vezes, a vitória nasce de um gesto simples: desviar o olhar. Todos seguiam a lógica do ferro e do aço, mas de Havilland ousou ver na madeira uma resposta diferente. Um material ancestral, transformado em arma de futuro.
O Mosquito ensina-nos que inovar é saber olhar para o lado reconhecer no que parece banal a força escondida para enfrentar o impossível. E lembra-nos que, na construção ou na vida, por vezes é nesse desvio subtil de perspetiva que reside a verdadeira revolução.
Referências
Price, A. (2016). Mosquito: The wooden wonder. Crecy Publishing.
Sharp, C., & Bowyer, M. J. F. (2005). Mosquito: The illustrated history. Crecy Publishing.
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